LIVRO DOS ESPIRITOS : ALLAN KARDEC


FINALIDADE DA ENCARNAÇÃO





32. Qual é a finalidade da encarnação dos Espíritos?

— Deus a impõe com o fim de levá-los à perfeição. Para uns é uma expiação; para outros uma missão. Mas, para chegar a essa perfeição, eles devem sofrer todas as vicissitudes da existência corpórea: nisto é que está a expiação. A encarnação tem ainda outra finalidade, que é a de por o Espírito em condições de enfrentar a sua parte na obra da criação. É para executá-la que ele toma um aparelho em cada mundo, em harmonia com a sua matéria essencial, a fim de nele cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. E dessa maneira, concorrendo para a obra geral, também progride.

Comentário de Kardec: A ação dos seres corpóreos é necessária à marcha do Universo. Mas Deus, na sua sabedoria, quis que eles tivessem, nessa mesma ação, um meio de progredir e de se aproximarem d’Ele. É assim que, por uma lei admirável da sua providência, tudo se encadeia, tudo é solidário na Natureza.

133. Os Espíritos que, desde o princípio, seguiram o caminho do bem, têm necessidade da encarnação?

— Todos são criados simples e ignorantes e se instruem através das lutas e tribulações da vida corporal. Deus, que é justo, não podia fazer felizes a alguns, sem penas e sem trabalhos, e por conseguinte sem mérito.

133-a. Mas, então, de que serve aos Espíritos seguirem o caminho do bem, se isso não os isenta das penas da vida corporal?

— Chegam mais depressa ao alvo. Além disso, as penas da vida são frequentemente a consequência da imperfeição do Espírito. Quanto menos imperfeito ele for, menos tormentos sofrerá. Aquele que não for invejoso, nem ciumento, nem avarento ou ambicioso, não passará pelos tormentos que se originam desses defeitos.

COMENTARIO DE MIRAMEZ :

CAPÍTULO 30

0132/LE

REENCARNAÇÃO

 

O objetivo da reencarnação do Espírito é o seu despertamento. Tudo que sai das mãos de Deus conduz latentes valores imortais. O tempo encarregar-se-á de formar meios e angariar métodos de acordar as almas para que elas sintam suas necessidades de progredir e de amar.

O que chamamos de perfeição são os talentos que Deus nos deu por misericórdia, aflorados e iluminados por inúmeras experiências de vivência, frente a frente com múltiplos problemas, dores e sacrifícios, na extensão de vidas sem conta, na argamassa da carne. Deus nos impôs a reencarnação para no mostrar o que temos de fazer para nós mesmos. Aquilo que devemos fazer, não podemos passar para outro; cabe-nos enfrentar os nossos deveres com a disposição que a fé nos faculta. O nosso Pai Celestial nunca se esqueceu da Sua paternidade, desde os primeiros momentos da criação, até aos Espíritos puros que o cercam dispostos a fazer a Sua vontade.

Os Espíritos se originam do mesmo princípio único, tocados com o mesmo amor pela Divindade. A justiça de Deus é perfeita em todos os rumos da Sua sabedoria, e neste entendimento é que os seres criados passam pelos mesmos processos de despertamento espiritual, mas, com reações diversas. O ponto de saída e chegada é o mesmo para todos os Seus filhos. As diferenças que encontramos de alma para alma, de homem para homem, já deves ter deduzido, é a idade de cada ser, na pauta das suas existências. Quanto, ao que muitos escritores espiritualistas dizem, que uns sofrem e outros não, na ascensão que deviam conquistar, é opinião falsa, por não encontrar ressonância na justiça do Todo-Poderoso. Se nasceram todos simples e ignorantes todos foram às escolas, onde os ensinamentos são os mesmos e idênticas às necessidades. Mesmo que as modalidades de aprendizagem sejam diversas, no fim, a soma de trabalhos, dores e sacrifícios, de esforços individuais para aquisição dos poderes, é a mesma, em busca das trilhas de libertação dos seus valores morais e espirituais.

No princípio recebemos de mãos generosas o apoio correspondente às nossas necessidades que, quando adultos passamos a doar aos que se encontram na nossa retaguarda, como compensação pelo que recebemos. Essa é uma lei: nada fica sem resposta na vida. Tudo que existe, toma forma, perde a forma e torna a tomar corpo. E a alma não pode fugir dessa lei universal, porque a reencarnação nos favorece o crescimento espiritual mais rápido. Somos, por assim dizer, agredidos pela matéria, e dessa agressão acordamos cada vez mais para o Amor, especulando em todos os sentidos para aquisição da sabedoria. Bendita seja a reencarnação, que nos aprimora e que nos eleva, dando-nos a entender que não existe a morte.



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